Trump e editor do New York Times envolvem-se em desmentidos
Washington - O Presidente norte-americano, Donald Trump, e o editor do jornal The New York Times, A.G. Sulzberger, envolveram-se neste domingo numa troca de afirmações e desmentidos sobre os habituais ataques da Casa Branca contra a imprensa.,
"Tive um encontro muito bom e interessante na Casa Branca com A.G Sulzberger (...). Passámos muito tempo a falar da vasta quantidade de notícias falaciosas que se divulgam nos meios e sobre como os Meios Falaciosos se converteram naquilo que se tem chamado 'inimigo do povo'. Triste!", escreveu o Presidente dos EUA, na rede Twitter.
Trump tem criticado publicamente os meios de comunicação que não lhe são muito favoráveis e, inclusivamente, tem utilizado com frequência as redes sociais para atacar jornalistas quando estes publicam notícias que não lhe agradem.
No entanto, com a mensagem de hoje, o Presidente norte-americano parecia querer falar em nome do editor de um dos jornais mais críticos da sua administração e insinuar que Sulzberger estava de acordo com a sua opinião de que algumas empresas de comunicação divulgam histórias falsas com o único objectivo de o prejudicar.
A resposta do editor não se fez esperar e horas depois emitiu um comunicado em que mostrava a sua versão desta reunião que, segundo revelou, ocorreu no passado dia 20 a pedido do Presidente.
"Disse ao Presidente directamente que considerei que o seu discurso não é apenas um factor de divisão, mas que se está a tornar cada vez mais perigoso", afirmou A.G. Sulzberger.
Além disso, o editor desmentiu a afirmação de Trump de que foram outros que começaram a referir-se à imprensa como o "inimigo do povo", recordando que foi ele quem criou a expressão no início do seu mandato.
Apesar de ter demorado mais do que o esperado, o dirigente norte-americano regressou à sua rede social favorita para responder a Sulzberger.
"Quando os meios - motivados por um insano Síndrome do Transtorno de Trump - revelam deliberações internas do nosso Governo certamente põem em perigo a vida de muitos, não só de jornalistas. Que antipatriótico!", disse, numa série de mensagens que mostravam claramente a sua raiva por o jornalista lhe ter feito frente.
O mandatário recordou aos seus seguidores que o direito à liberdade de imprensa envolve a responsabilidade de "informar com exactidão" e, sem citar dados que apoiem esta afirmação, disse que "90% da cobertura" que é feita da sua administração "é negativa".
"Não permitirei que se venda o nosso grande país aos anti-Trump da moribunda indústria jornalística", prometeu, antes de apontar os jornais The New York Times e The Washington Post como dois claros exemplos que não fazem mais do que o atacar, sem nunca ter em conta os seus êxitos.
A referência do Presidente dos EUA ao encontro com o jornalista ocorreu no final de uma semana em que a Casa Branca foi alvo de duras críticas pela sua decisão de rejeitar o acesso a uma conferência de imprensa de uma correspondente acreditada da televisão CNN que, momentos antes, tinha colocado uma série de perguntas incómodas a Trump na Sala Oval.
A Associação de Correspondentes da Casa Branca condenou esta decisão "com veemência" e mesmo a cadeia Fox News, principal baluarte das políticas de Trump, juntou-se às críticas e expressou a sua "solidariedade" para com a CNN.
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